quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Os primeiros dias após a videolaparoscopia

Finalmente cheguei em casa. Não recebi nenhuma recomendação para restrição alimentar nem sobre se abaixar, subir escada, pegar peso, etc... teoricamente eu podia fazer tudo! mas é claro que eu tomei certos cuidados!
Fiquei 15 dias afastada do trabalho, mas com 5 dias eu já estava novinha em folha! Não sentia absolutamente nada!
Mas não pensem que foi assim tão fácil!
No primeiro dia, ou seja, no dia da cirurgia, voltei pra casa e senti aquela dor insuportável no ombro. Especialmente se eu risse ou me mexesse na cama. Foi horrível, a dor era realmente forte. Eu não conseguia deitar e tive que dormir sentada com uns 5 travesseiros apoiando as minhas costas.
Liguei para um amigo, o Daniel, que é cirurgião geral! Ele foi um amor e me explicou o que estava acontecendo.
Me disse que durante a videolaparoscopia, o abdome da paciente é insuflado com um gás para facilitar a visualização do campo cirúrgico, já que não tem cortes grandes e o médico opera com auxílio de uma câmera de vídeo. Esse gás que insufla o abdome causa uma irritação nos nervos que passam por ali, e o que eu devia estar sentindo era uma dor irradiada do nervo costofrênico, que geralmente demora no máximo 48h para passar. Ou seja, realmente não tinha nada a ver aquela história de que "eu devia ter um problema ortopédico no braço" que o Dr Carlos Lino me disse.
E foi exatamente como o Daniel me explicou! Demorou 48 horas com aquela dor chata, mas ela foi diminuindo, ficando mais fraca e após 48h ela sumiu! Dureza foi ter que dormir as 2 primeiras noites sentada (porque assim doía menos) e não poder dar risada! Só porque rir fazia o ombro doer pra caramba, eu tive umas 2 crises de gargalhada, em que eu ria e chorava ao mesmo tempo de tanta dor, mas não conseguia parar de rir!
Outra coisa chatinha depois da cirurgia é que fiquei 4 dias obstipada, daí tive a idéia "genial" de tomar um laxante pra ajudar. Daí quando veio a vontade de ir ao banheiro, minha barriga doía tanto, tanto, tanto! nossa, pensei que eu ia desmaiar!
Tomei a dose máxima de buscopan composto, e ainda tive que repetir o buscopan algumas horas depois, porque acho que o laxante sensibilizou a barriga por dentro e danou a doer! Mas foi uma vez só!
Depois tudo voltou ao normal. Ah, a minha barriga ficou inchada por uns 15 dias, depois fiquei com uma pochetinha (aquela gordurinha abaixo do umbigo) bem saliente por mais uns 2 meses. O meu umbigo, que parecia uma bola de massa de modelar foi recuperando a forma devagarzinho... E com cerca de 2 a 3 meses após a cirurgia, tudo voltou a ser como era antes. Exceto, por duas pequeninas cicatrizes de 1cm que fiquei na barriga, uma à direita e outra à esquerda.
Depois de passar por tanta coisa, resolvi dar férias para o meu coração! Decidi que vou passar 4 meses sem ir a um médico! Rsrs!!!!

A videolaparoscopia e a videohisteroscopia - Primeiros momentos após a cirurgia



... como eu ia dizendo... "Puff"! A anestesista me sedou e daí eu só me lembro quando eu comecei a acordar... eu ainda estava com o mesmo desespero de antes de iniciar a cirurgia. Muito sonolenta eu sentia como se estivesse acordando de um sono muito pesado, não conseguia me mexer e alguém me ajeitava na maca. Deveria ser uma técnica de enfermagem.
 Loucamente, comecei a pedir a ela para ver o meu prontuário.
"Eu quero ver o meu prontuário, preciso saber o que está no relato cirúrgico, por favor, me traz o meu prontuário". E a moça achou que eu estava delirando sob efeito da anestesia e saiu me deixando falar sozinha.
Alguns minutos depois alguém empurrava a minha maca, me levando para o quarto da enfermaria onde minha mãe me esperava. Eu não estava sentindo nada, nem dor, nem desconforto. Só a cabeça, que estava a mil, sem saber o que tinha se passado e porque eu havia feito aquela cirurgia.
Aos poucos fui retomando a consciência das coisas. Quando a narcose anestésica foi diminuindo, tive uma tremedeira... batia o queixo e tremia o corpo inteiro, mas não era frio, era involuntário, estranho! Durou uns 10 minutos e passou.
Mais umas 3 horas após o fim da cirurgia eu senti fome (ainda estava em jejum e já era umas 16h da tarde). Trouxeram aquelas comidinhas sem graça de hospital (Suco de goiaba, pão integral com uma fatia de ricota. E só!). A fome era tanta que eu devorei aquele "banquete" num instante!
Levantei e logo consegui fazer xixi. Tem gente que demora de fazer xixi por causa da anestesia.
Achei que eu já estava ótima e queria ir pra casa. Tirei a capa da cirurgia para colocar o meu vestido folgadinho e uma calcinha bem molinha. Quando vi o meu umbigo tomei um susto. Estava horrível, todo deformado, parecendo uma bola de massa de modelar amassada. Pensei que eu ia ficar com o umbigo assim pro resto da vida e chorei de novo!
Um tempinho depois, comecei a sentir uma repentina dor no ombro direito. Incomodando, e depois foi ficando muito forte e com pouco tempo já estava insuportável. Eu mal podia respirar de tanta dor.
Trouxeram dipirona, chamaram um anestesista que mandou me dar morfina e disse que ia chamar o médico que me operou porque aquela dor poderia estar relacionada com a cirurgia.
Eu não conseguia entender porque a cirurgia foi na barriga e a dor era no ombro. Eu já estava pensando que me derrubaram da maca ou algo pesado caiu em cima de mim durante a cirurgia e eu estava sedada e não vi nada. Comecei a ficar ainda mais nervosa e a dor era tão insuportável que eu estava vivendo um inferno ali.
Trouxeram a morfina, e a dor foi aliviando aos poucos...

Fui caminhar pela enfermaria por recomendação da fisioterapeuta. Logo a dor no ombro voltou. Eu caminhava e chorava muito segurando o meu ombro direito que tanto doía. As pessoas me olhavam com cara de dó! A enfermeira tentava contato com o Dr Carlos Lino, mas ele devia estar em outra cirurgia, pois não veio logo. Chamaram outra anestesista.
A outra médica que veio mandou dar mais dipirona e chamar o Dr Carlos Lino.
Eu já estava com medo, achando que podia morrer, ou que tinha uma tesoura dentro da minha barriga... qualquer coisa assim.
Depois de umas 2h de espera, o Dr Carlos Lino veio. Falou pouco como sempre, disse que não havia ocorrido nada de errado com o meu braço durante a cirurgia e que eu já devia ter algum problema ortopédico no ombro e não sabia. Fiquei com raiva de ele ter dito isso. Uma dor insuportável daquela, que veio de repente depois da cirurgia e eu nunca tinha sentido nada semelhante antes... e ele diz que eu devia ter um problema ortopédico no ombro e não sabia! Ninguém merece né?
Eu quis sair correndo daquele hospital, o mais rápido possível. O Dr Carlos Lino passou umas orientações do pós operatório para a minha mãe e deu o número do celular dele, caso precisasse de alguma coisa.
Recebi alta e tomei um taxi pra casa. Cada balançadinha que o taxi dava doía tudo, mas eu estava contente de já ter saído do hospital!

PS: Pessoal, essas figuras que estão no post eu peguei no google imagens, não sou eu e nem conheço o médico da foto, tá!

A videolaparoscopia e a videohisteroscopia - Momentos antes

Olá, amigas(os), demorei mas estou de volta para fazer essa postagem.
E é para contar como foi a tal cirurgia de tratamento da endometriose. Dividi em 2 partes para não ficar cansativo. Antes do ato cirúrgico e após o ato cirúrgico. Bem, vamos lá!
No dia da cirurgia acordei cedo, aliás, mal consegui dormir de ansiedade. Tive que fazer um preparo intestinal com um líquido laxante (ninguém merece) e ficar em jejum de 12h, até de água.
Minha irmã foi me levar até o hospital. Já que eu não poderia dirigir na volta , não dava para ir com meu carro. A minha mãe foi de acompanhante. Preferi a minha mãe do que o meu marido, porque cuidado de mãe não tem igual, né?!
Chegando ao hospital, fui encaminhada para o quarto onde eu ficaria no pós operatorio. Ali a enfermeira me orientou a retirar anéis, brincos, elástico de cabelo, e tirar toda a roupa para colocar a capa cirúrgica, aquela touquinha ridícula e o propé (é tipo uma touca descartável, só que é para cobrir os pés).
Fiquei aguardando lá na cama, tentando conversar qualquer coisa com minha mãe para aliviar a ansiedade, mas na verdade eu estava por um fio. Cerca de 1h depois, uma outra enfermeira veio me buscar para ir  para o centro cirurgico. Já levantei da cama com um nó na garganta, e desmoronei no choro. Fui chorando o caminho inteiro... estava morrendo de medo, era a primeira vez que eu ia fazer uma cirurgia. Só de pensar em ser entubada, tive pânico.
Como eu havia dito em posts anteriores, as consultas de pré-operatório com o cirurgião não foram muito legais... não teve muita conversa, eu não sabia o que seria feito durante a cirurgia, nem pra que... Sabe aquela história de humanização do atendimento ao paciente? Na minha opinião, passou longe...Por isso eu estava ali, me direcionando para o centro cirúrgico cheia de dúvidas e medos.
No auge do meu pânico, decidi tentar conversar com o médico alguma coisa antes de começar a operação.
Ao ser colocada na maca, algumas enfermeiras e uma simpática anestesista conversaram um pouco comigo tentando me tranquilizar enquanto colocavam uns eletrodos no meu tórax, puncionavam a veia da minha mão direita para a anestesia. Então pedi para a anestesista não aplicar a anestesia antes que eu pudesse falar com o cirurgião (que não estava na sala de cirurgia até o momento).
Daí a anestesista concordou em aguardar um pouco e a enfermeira foi chamar o Dr Carlos Lino (cirurgião que ia me operar).

Um minuto depois e ele entrou na sala de cirurgia, parou cerca de 1,5m de distância da maca cirúrgica onde eu estava (toda amarrada e cheia de fios) e me cumprimentou. Meio ansiosa (quase desesperada!) eu falei: "Dr, eu queria saber sobre a minha cirurgia... ela vai me ajudar em quê? vai aumentar a minha fertilidade? é uma cirurgia terapêutica ou apenas para confirmar ou descartar se o que eu tenho é endometriose?"
E mais uma vez, decepcionando a minha expectativa, de longe mesmo ele respondeu: "Vamos ver, vamos ver..." e foi se afastando.
Naquele momento tive a péssima sensação de insegurança, o medo aumentou e eu me senti como uma cobaia. Passei a chorar ainda mais, e a simpática anestesista fez a gentileza de me sedar. Puff!
(Continua no próximo post)